Durante as últimas décadas, muitos estudos surgiram abordando a relação entre a dieta vegetariana e a saúde física (menor risco de doenças cardiovasculares e doenças metabólicas e até mesmo redução no risco de alguns tipos de câncer[2]). De um modo geral, os trabalhos científicos demonstraram que os vegetarianos possuem boa saúde física em comparação com as médias nacionais e são tão saudáveis quanto quem não é vegetariano com qualidade e comportamento de vida parecidos. Apesar dos inúmeros estudos associando a dieta vegetariana e saúde física, temos poucos estudos investigando a associação entre este tipo de dieta e a saúde mental.
Muitos fatores podem, a princípio, produzir diferenças entre as pessoas vegetarianas e as que não são. Pensando do ponto de vista biológico, o status nutricional resultante da dieta vegetariana pode afetar a plasticidade sináptica e a função neuronal, que podem influenciar os processos cerebrais relevantes para desencadear ou até mesmo manter os transtornos mentais. Isso por que, há estudos que relacionam dieta vegetariana e menores concentrações teciduais de ácido graxos de cadeia longa (ômega 3 por exemplo) e de vitamina B12. Muitos estudos correlacionam que tanto a deficiência de vitamina B12 quanto a deficiência de ácidos graxos de cadeia longa podem aumentar o risco de transtornos depressivos maiores.
É importante ressaltar que há outros fatores a serem levados em conta quando comparamos os vegetarianos com os não vegetarianos, como as características sócio-demográficas e psicológicas, o que por si só são fatores influenciadores importantes para o risco de transtornos mentais. Segundo o estudo, os vegetarianos são mais propensos a viver em áreas urbanas e serem solteiros, situações estas que podem favorecer o isolamento social e consequentemente aumentar risco de quadro depressivo. Logicamente que há fatores protetores (positivos) de ser vegetariano também, como um estilo de vida saudável (se exercitarem mais, beberem menos álcool, entre outros fatores) e motivação ética, quando comparado aos não vegetarianos.
Conclusão:
Na conclusão do trabalho no qual este artigo é baseado , não dá para dizer que a dieta vegetariana por si só é um fator de risco para transtorno psiquiátrico (depressão, ansiedade entre outros). Não sendo encontrado evidências de um papel causal da dieta vegetariana na etiologia dos transtornos mentais. Em vez disso, os resultados são mais condizentes de que a experiência de um transtorno mental poderia aumentar a probabilidade de escolher uma dieta vegetariana, ou que os fatores psicológicos influenciariam tanto a probabilidade de escolher uma dieta vegetariana quanto a probabilidade de desenvolver um transtorno mental.
Fonte: Artigo baseado no trabalho científico, deixo link para conferir na íntegra:
1. Michalak, J., Zhang, X. C., & Jacobi, F. (2012). Vegetarian diet and mental disorders: results from a representative community survey. The international journal of behavioral nutrition and physical activity, 9, 67. doi:10.1186/1479-5868-9-67
2. Le L.T., Sabaté J. Beyond meatless, the health effects of vegan diets: findings from the Adventist cohorts. Nutrients. 2014;6:2131–2147. doi: 10.3390/nu6062131
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